O autoexame é o primeiro passo da prevenção ao câncer de mama
Postado por Taisi Datovo em
Outubro Rosa é um movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama, criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure.
No Brasil, o Outubro Rosa demorou um pouco mais a chegar. O primeiro sinal do envolvimento com a campanha por aqui se deu em outubro de 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado com luzes cor de rosa.
Depois disso, o evento seguiu morno ano após ano. Somente em 2008 que a movimentação ganhou força em várias cidades brasileiras que abraçaram o Outubro Rosa, fazendo companhas, promovendo corridas e, assim como no resto do mundo, iluminando os principais monumentos com a cor rosa durante a noite.
A campanha tem a intenção de alertar a sociedade sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama.
O câncer de mama é um tumor maligno que ataca o tecido mamário e é um dos tipos mais comuns, segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA. Ele se desenvolve quando ocorre uma alteração de apenas alguns trechos das moléculas de DNA, causando uma multiplicação das células anormais que geram o cisto.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil, atrás apenas do câncer de pele, correspondendo a 29% dos novos casos da doença ao ano. Apesar disso, ele é considera o mais agressivo, associado a altas taxas de mortalidade.
O último levantamento do Atlas de Mortalidade por Câncer no Brasil registrou 17.763 mortes em decorrência do câncer de mama em 2018, sendo a maioria de mulheres, com 17.572 óbitos, e 189 homens.
Apesar de o movimento Outubro Rosa existir há mais de 15 anos, parcela expressiva da nossa população segue acreditando em mitos. A desinformação atrapalha muito, assim como o medo do diagnóstico. E a pandemia tornou esse quadro ainda mais grave: estima-se que mais de 1 milhão de mamografias deixaram de ser realizadas em 2020, o que corresponde a um número alto de tumores não diagnosticados.
O diagnóstico precoce do câncer de mama permite um tratamento menos agressivo e aumenta as chances de cura. Aproximadamente 80% dos casos são descobertos pelas próprias mulheres, por isso é fundamental saber como fazer o autoexame de mama e transformar esse cuidado em um hábito na sua vida.
O autoexame de mama é indicado para todas as mulheres a partir dos 20 anos. Como as mamas podem ficar inchadas antes e durante o período menstrual, a recomendação é fazer o exame 7 dias depois do início do sangramento. No caso das mulheres que estão na menopausa, o ideal é escolher uma data fixa todos os meses.
Um autoexame completo é realizado em três etapas: a observação em frente ao espelho, a apalpação durante o banho e a apalpação deitada. Saiba como fazer cada uma delas:
- Observação em frente ao espelho
- Tire a blusa e o sutiã e fique em frente ao espelho com as mãos na cintura;
- Verifique o tamanho, o formato e o contorno das mamas;
- Observe se há alterações na pele da mama, na aréola ou no mamilo;
- Verifique se o sutiã deixa marcas em apenas uma das mamas, indicando inchaço;
- Deixe os braços soltos ao lado do corpo e observe as mamas novamente;
- Erga os braços e observe se há alterações.
- Apalpação em pé no chuveiro
- Com a coluna ereta, coloque a mão esquerda atrás da nuca, com o cotovelo apontado para cima;
- Deslize a mão direita pela mama esquerda, apalpando-a com a ponta dos dedos;
- Faça movimentos circulares com firmeza, mas sem causar desconforto ou dores, iniciando na axila e seguindo em direção ao mamilo;
- Durante a apalpação, verifique se há regiões mais densas ou caroços;
- Faça os mesmos movimentos circulares na região das axilas, observando se há algum nódulo palpável;
- Pressione delicadamente o mamilo para verificar se há saída de líquido de origem desconhecida;
- Troque a posição dos braços, colocando a mão direita na nuca, e repita o passo a passo desta etapa.
- Apalpação deitada
- Deite-se na cama, coloque um travesseiro fino embaixo do ombro esquerdo e leve a mão esquerda para trás da cabeça;
- Com a outra mão, apalpe a mama esquerda e faça movimentos circulares com a ponta dos dedos, verificando a presença de anormalidades;
- Coloque o travesseiro embaixo do ombro direito e repita os passos com a outra mama.
Esses passos são necessários porque a mama se movimenta junto com o corpo, de forma que uma anormalidade pode passar despercebida em determinada posição. Além disso, durante o banho, com a pele ensaboada, as mãos deslizam mais facilmente, aumentando as chances de detectar qualquer anormalidade.
Se você percebeu alguma alteração nas mamas durante o autoexame, o primeiro passo é tentar manter a calma. Lembre-se de que a maior parte dos caroços é benigna, podendo corresponder a um cisto sebáceo, um furúnculo (íngua) ou uma inflamação dos gânglios.
Contudo, isso não quer dizer que esse sinal possa ser ignorado. Dessa forma, você deve procurar o ginecologista ou o mastologista (médico especialista em mamas), o mais rápido possível. Na consulta, o médico fará um novo exame físico e poderá solicitar uma mamografia para investigar a alteração.